“Hoje, a transição para um futuro sustentável, já não é um problema técnico ou conceitual.
É um problema de valores, vontade política e liderança.”
Frtijof Capra, 2005
Por: Luis Filipe Sousa Dias Reis
INTRODUÇÃO
Sustentabilidade é um termo recente que apareceu nos dicionários dos negócios e das empresas e que foi tomando corpo e se tornando uma exigência dos mercados e dos clientes. Hoje em dia é comum ouvirmos frequentemente os executivos usarem este termo em suas reuniões ou encontros, se bem que, acreditamos, que muitos não conhecem a sua verdadeira dimensão, pois além das questões econômicas empresariais ele abrange, também, as questões ambientais e sociais não só do meio envolvido mas, também, do meio envolvente. Poderíamos, também, incluir outros aspectos específicos ao modelo gerencial e/ou administrativo vigente, incluindo-se, aqui, o próprio modelo que estiver sendo criado para a Sucessão no comando das empresas.
Garantir a sustentabilidade das empresas e dos negócios e, por consequência o seu desenvolvimento sustentável (1), exigirá dos empresários, independente do ramo da economia em que atuam, a expansão da visão empresarial para além dos próximos 10 ou 20 anos e a implantação nas empresas de uma cultura organizacional que fomente e direcione todo este processo de mudança cultural, comportamental e organizacional de “cima a baixo” na empresa.
Para garantir este processo e, sobretudo, seus resultados, acreditamos que o primeiro passo a ser dado tem de estar focado no Ser Humano e na conscientização dos impactos negativos que a sua ação ou omissão provocam à sociedade como um todo. Promover um processo de educação e/ou reeducação a diferentes níveis que faça com que o Ser humano (políticos, empresários, executivos, trabalhadores em geral) mudem suas atitudes e comportamentos, tendo em vista o ganho de um bem maior para todos. Acreditamos que estejamos passando por uma Era de transição, em que o Ter está dando lugar ao Ser, razão porque mudanças comportamentais e atitudinais serão necessárias que ocorram em todos os níveis empresariais com os consequentes reflexos nas vidas e atitudes pessoais.
- A sustentabilidade visa estabelecer um equilíbrio entre o que a natureza pode nos oferecer, qual o limite para o consumo dos recursos naturais e a melhora na nossa qualidade de vida. Por sua vez o desenvolvimento sustentável tem como objetivo não apenas preservar o ecossistema mas, também, atender às necessidades socioeconômicas das comunidades e manter o desenvolvimento econômico.
Neste processo de mudança, a Escola terá um papel fundamental, sendo necessário direcionar os jovens, desde a escola primária, para a importância que as ações do desenvolvimento sustentável terão na continuidade da vida humana, na manutenção dos recursos naturais e, na vida na Terra tal como a conhecemos hoje e, porque não dizê-lo, na própria perenidade das empresas.
As relações humanas, políticas, sociais e econômicas estão sofrendo alterações mais ou menos profundas, dependendo do estágio de desenvolvimento de cada país. Aqueles países onde este processo está mais acentuado são os que conhecemos por “primeiro mundo” e que, na verdade, são os países que fazem a economia mundial girar. Com raras exceções, são eles que movimentam a economia mundial promovendo o bem estar das suas sociedades e contribuindo para a melhoria das sociedades de outros países (países emergentes) através dos recursos financeiros que a importação de matérias primas e comodities lhes proporciona. Ora são, precisamente, os países do chamado primeiro mundo em que premissas como sustentabilidade, ESG e desenvolvimento sustentável se colocam mais acentuadamente (em grande parte por exigência da nova sociedade) e que a curto prazo se tornarão uma barreira comercial não oficial. Países, como o Brasil, considerados como emergentes terão que se adequar às novas regras e exigências dos mercados consumidores e importadores e suas empresas terão de fazer profundas adequações de suas estruturas para que possam atender às exigências dos clientes. Aliás, fato parecido, ou mesmo idêntico, já tivemos a experiência de observar e vivenciar, a partir de 1987, com a ISO 9000, que promoveu profundas alterações nas estruturas e modelos produtivos e gerenciais das empresas.
Sem pretendermos nos alongar demais neste início, diremos que nosso objetivo será o de não apenas contribuir para a divulgação de uma nova tendência (que nalguns casos já é realidade), e, também, o de alertar os empresários que pretendam perpetuar as suas empresas (1) para a urgência de iniciarem este processo de transformação ou evolução empresarial.
Perpetuar as empresas para as gerações futuras requer dos empresários uma visão de longo prazo. Foi assim que o World Business Council for Sustainable Development (1) editou a publicação Visão 2050 e que podemos considerar como m grande alerta à classe empresária. Abordar as necessidades de desenvolvimento de milhões de pessoas, favorecendo a emancipação educativa e económica, em especial das mulheres, e desenvolvendo radicalmente soluções, estilos de vida e comportamentos mais ecoeficientes considerando:
- A inclusão do custo de externalidades, a começar pelo carbono, serviços dos
ecossistemas e água;
- Duplicação da produção agrícola sem aumentar a quantidade de solo ou água utilizados;
- O termo empresário aplica-se indistintamente a todos os empreendedores, quer estejam no ramo da indústria, dos serviços ou da agropecuária.
- Minimização ou interrupção do desmatamento e aumento da produção de florestas
plantadas;
- Redução para metade as emissões mundiais de carbono (com base nos níveis de 2005)
até 2050, com o máximo das emissões de gases com efeito de estufa a ocorrer por volta
do ano 2020, através da substituição para sistemas energéticos de baixa emissão de carbono
e da melhoria da eficiência energética do lado da procura;
- Proporcionar o acesso universal à mobilidade de baixa emissão de carbono;
- Implementação uma optimização quatro a dez vezes superior na utilização de recursos e
materiais.
- World Business Council for Sustainable Development, Visão 2050 Fevereiro 2010.